Burnout e Ansiedade Atingem Jovens Profissionais no Brasil Pós-Pandemia
Um levantamento recente, divulgado nesta quarta-feira (22/10) por uma consultoria especializada em saúde ocupacional, aponta que a saúde mental de jovens profissionais brasileiros está em crise, com um aumento expressivo nos casos de Síndrome de Burnout e transtornos de ansiedade. Dados indicam que mais de 60% dos trabalhadores com menos de 30 anos relatam exaustão extrema e estresse crônico, fatores agravados pelo cenário pós-pandêmico e pela intensa pressão do mercado de trabalho.
A pesquisa, que ouviu mais de 1.500 jovens em grandes centros urbanos do país, revela que a linha tênue entre vida pessoal e profissional desapareceu para muitos, resultando em jornadas exaustivas e constante sensação de sobrecarga. Especialistas alertam que o fenômeno não é apenas uma questão individual, mas um desafio crescente para a produtividade das empresas e para o sistema de saúde público.
O Impacto do Cenário Pós-Pandemia
A transição para modelos de trabalho híbridos ou remotos, embora traga flexibilidade, também contribuiu para a intensificação do problema. “A ausência de fronteiras físicas claras entre o escritório e o lar, aliada à cobrança por resultados e à constante conectividade digital, criou um ambiente propício para o esgotamento”, explica a psicóloga Dra. Ana Carolina Gomes, especialista em saúde ocupacional. Segundo ela, muitos jovens sentem-se compelidos a estar sempre disponíveis, temendo perder oportunidades em um mercado competitivo.
Além disso, a instabilidade econômica e a busca por rápido crescimento na carreira também alimentam a cultura do excesso de trabalho. O medo do desemprego e a pressão por entregas contínuas levam esses profissionais a ignorar sinais de alerta do próprio corpo e mente, culminando em quadros de Burnout, caracterizado por exaustão física e mental, despersonalização e baixa realização profissional.
Consequências para Empresas e Sociedade
O impacto da crise de saúde mental entre jovens profissionais vai além do indivíduo. Empresas enfrentam alta rotatividade, queda na produtividade e aumento dos custos com licenças médicas e tratamentos. Um estudo correlato estima que a ausência de políticas eficazes de bem-estar pode gerar perdas de até 4% do PIB anualmente devido à redução da capacidade produtiva e ao tratamento de doenças relacionadas ao estresse.
Para o setor de Recursos Humanos, o desafio é complexo. “Não basta oferecer benefícios superficiais. É preciso uma mudança cultural profunda, que priorize a saúde mental como parte estratégica do negócio”, afirma Ricardo Santos, diretor de RH de uma multinacional. Ele defende a implementação de programas de apoio psicológico, treinamentos para lideranças sobre o reconhecimento de sinais de esgotamento e a promoção de uma cultura que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Caminhos para a Recuperação
A conscientização é o primeiro passo para enfrentar o problema. Profissionais da saúde recomendam a busca por apoio psicológico ao primeiro sinal de estresse prolongado, além da prática de atividades físicas e a manutenção de uma rotina de sono adequada. Para as empresas, algumas medidas são urgentes:
- Promoção de políticas de flexibilidade: Horários mais adaptáveis e respeito ao direito de desconexão.
- Investimento em treinamento para gestores: Capacitação para identificar e apoiar membros da equipe em risco.
- Programas de bem-estar integral: Oferecendo acesso a psicoterapia, yoga, mindfulness e outras ferramentas de manejo do estresse.
- Criação de canais de escuta: Espaços seguros para que os colaboradores possam expressar suas dificuldades sem receio de retaliação.
A crise de saúde mental entre jovens profissionais brasileiros é um alerta para a urgência de uma abordagem mais humana e sustentável no mercado de trabalho, visando não apenas a produtividade, mas o bem-estar e a qualidade de vida de seus colaboradores.

