Rômulo Gonçalves, do caso dos cartões, amplia negócios com Espetto e mantém elo com X-Tudo; Justiça libera viagem aos EUA

O empresário Rômulo dos Santos Gonçalves figura em dois planos: o criminal, onde foi condenado a 8 anos e 6 meses pelo TRF-2 por furto e associação criminosa em ação sobre clonagem de cartões — com recurso pendente —, e o empresarial, no qual ampliou sua presença em franquias do Espetto Carioca e em sociedades que tangenciam a X-Tudo Comunicação e o futebol carioca.

Nos negócios, Rômulo é sócio de Bruno Lins Gorodicht (fundador da X-Tudo) em duas administradoras de franquias do Espetto (capital social combinado de R$ 600 mil). Ele também integra a Bar e Botequim Espetto Américas (capital de R$ 20 mil) com Leandro Pereira de Souza. Almerinda Pereira da Silva Souza aparece nas franqueadoras como parceira. O passado societário foi pincelado em decisão do STF (2014), onde se mencionou a incompatibilidade entre bens de alto valor e movimentação bancária com a participação formal então declarada — fundamento para medidas cautelares à época.

Na publicidade, a X-Tudomarca criada em 2011 dentro da FSAatua no Flamengo por meio da M2FA Comunicação (set/2018), de Francisco Cantanhede, Marcos Milton Romano Pedrosa e Ricardo de Aquino Corrêa. Na prática, Marcelo Gorodicht (irmão de Bruno) é o líder e se apresenta como diretor-executivo. Bruno se afastou formalmente da FSA em jan/2018; Gabriel Trindade Silva entrou na sociedade e, meses depois, foi preso em flagrante por dirigir moto roubada na Tijuca — ele também é sócio de três unidades do Espetto na cidade.

O caso penal em que Rômulo e Eduardo Vinícius Giraldes Silva (ligado ao Azeite Royal) foram condenados descreve, segundo o MPF, um esquema com POS adulteradas, cartões falsificados e núcleo comprador que adquiria bens para receptação com deságio. Em 2011, a Justiça Federal apontou que Giraldes teve R$ 3,5 milhões de movimentação e evolução patrimonial de 373%. Ambos recorrem.

No futebol, o Vasco ilustra a interseção com o Espetto e o Azeite Royal. Em 2018, a rede foi contratada emergencialmente, alegou falta de pagamento por três meses e rompimento abrupto, e cobrou R$ 2,9 milhões na Justiça. Em 23 de julho do ano passado, clube e empresa assinaram acordo de R$ 1,671 milhão com parcelamento até junho de 2022. Duas semanas antes, o Vasco firmara patrocínio com o Azeite Royal, renovado para 2020.

Apesar da condenação em 2ª instância, Rômulo obteve autorização para viajar à Flórida de 20 de fevereiro a 1º de março. O desembargador federal Paulo Espírito Santo considerou o entendimento do STF que afastou a prisão automática após segunda instância, possibilitando o deslocamento. Meses antes (agosto passado), pedido com mesmo objeto havia sido indeferido.

As versões

O Flamengo declarou que “a X-Tudo não tem nada com o Azeite Royal”. A X-Tudo negou qualquer relação com Rômulo e disse que o patrocinador não tem ingerência em seus contratos com o clube. Espetto Carioca e Azeite Royal não responderam aos questionamentos enviados por e-mail. Seguimos à disposição para publicar eventuais manifestações.

Justiça

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